O prado estende-se como um manto dourado, tecido pela luz oblíqua
do fim da tarde. Cada fio de erva brilha, não de verde, mas de um ouro surreal,
como se o próprio sol tivesse desfeito em pó e derramado sobre a terra. A
árvore, em primeiro plano, ergue-se com folhagem de âmbar translúcido, folhas
que parecem feitas de chama fria, suspensas no ar quieto.
Ao longe, o lago é uma mancha de sonho—azul escuro, quase negro,
como um espelho que reflete não o céu, mas o segredo do mundo submerso. A
técnica do infravermelho transforma a realidade num devaneio: o Alentejo já não
é só terra, é memória dourada, é paisagem de um conto adormecido. O horizonte dissolve-se
numa névoa cálida, onde o dia se despede em tons de mel e saudade.
Tudo aqui é quietação. Tudo aqui é um suspiro antes do crepúsculo.
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