domingo, 17 de julho de 2016

Da serie Sonho Alentejano em Ouro e Azul


O prado estende-se como um manto dourado, tecido pela luz oblíqua do fim da tarde. Cada fio de erva brilha, não de verde, mas de um ouro surreal, como se o próprio sol tivesse desfeito em pó e derramado sobre a terra. A árvore, em primeiro plano, ergue-se com folhagem de âmbar translúcido, folhas que parecem feitas de chama fria, suspensas no ar quieto.

Ao longe, o lago é uma mancha de sonho—azul escuro, quase negro, como um espelho que reflete não o céu, mas o segredo do mundo submerso. A técnica do infravermelho transforma a realidade num devaneio: o Alentejo já não é só terra, é memória dourada, é paisagem de um conto adormecido. O horizonte dissolve-se numa névoa cálida, onde o dia se despede em tons de mel e saudade.

Tudo aqui é quietação. Tudo aqui é um suspiro antes do crepúsculo.


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