A fotografia infravermelha capturou um mundo que não é deste. A ruína, outrora sólida e imponente, dissolve-se agora em tons de ouro velho e azul de sonho, como se a memória da pedra tivesse virado mel e céu. As paredes, desfiadas pelo tempo, brilham com uma luz que não é do sol, mas de um outro sol, invisível, que só as lentes fantasmagóricas sabem ver.
O céu é azul, mas um azul
profundo, de um dia que nunca acabou, pontuado por nuvens brancas, estáticas,
como algodão esquecido no firmamento. As árvores em volta são criaturas de
outro mundo—as folhas não verdes, mas sim esbranquiçadas, como se a clorofila
tivesse virado fantasma, e os ramos se estendessem em murmúrios pálidos contra
o vento.
A imagem é silêncio. É um
suspiro capturado em cores que não existem. E, no entanto, ali estão—dourados
que cantam, azuis que sussurram, brancos que lembram. Um postal de um lugar que
só existe quando fechamos os olhos.
Tudo aqui parece suspenso num
sonho. A ruína não está abandonada—está à espera. À espera de quê? De um
regresso? De um olhar que a reconheça, não como ruína, mas como um reflexo
dourado e azulado de um tempo que teima em não morrer?