Nos vestígios silenciosos dos estaleiros navais de São
Jacinto, a fotografia infravermelha revela um passado que resiste ao tempo.
Entre ruínas de estruturas fabris e cascos abandonados de madeira e aço,
ergue-se a memória de uma era industrial que moldou a costa e os seus
trabalhadores. O espectro invisível da luz infravermelha desenha contrastes
inesperados sobre a decadência do ferro ferrugento e a textura das embarcações
esquecidas, criando uma narrativa visual entre o que foi e o que permanece.
Este cenário ecoa o legado de empresas como a Oliva, outrora
símbolo da engenharia e inovação portuguesas. Fundada em São João da Madeira, a
Oliva foi uma referência na metalurgia e no fabrico de maquinaria, desde
máquinas de costura a utensílios agrícolas, deixando uma marca indelével na
indústria nacional. Tal como os estaleiros de São Jacinto, a Oliva enfrentou o
declínio com o avanço dos tempos, tornando-se um testemunho silencioso de uma
era de produção e engenho.
Através da fotografia infravermelha, o passado emerge com
nova luz, resgatando do esquecimento as sombras de ferro e madeira que outrora
foram o pulsar da indústria naval.